Existem mil jeitos de amar alguém, isso todo mundo sabe. Mas podemos colocar os relacionamentos em duas categorias distintas e bastante conhecidas por quase todo o ser vivo apaixonado: o amor tranquilo e o amor caótico.
O caótico, como o nome mesmo diz, é avassalador. É cheio de ciúmes, crises e discussões. É incerto. Precisa ser constantemente mantido porque existe sempre uma insegurança no ar, uma possibilidade de término e traição eminentes. E o amor caótico é delicioso porque é intenso. Tudo é vivido à flor da pele, e absolutamente todos os esforços valem a pena. Andar de bicicleta na chuva, ir de camelo até Praia Grande, gastar 3 salários pra comprar um brinco. Vale qualquer coisa para garantir que a chama não se apague, que o outro sempre saiba o quanto você é loucamente apaixonado - no sentido literal da coisa. Esse tipo de amor é terrível, mas é maravilhoso. Quando está ruim, quase que na maior parte do tempo, chega a dar gastrite. Mas quando está bom, durante umas 5, 6 horas por semana, é como se fosse a primeira vez, de tirar o fôlego. Você esquece de todo o drama e fica. Fica, porque quer. Porque acha que nutrir um sentimento por alguém é sofrer mesmo, é sentir-se sem chão, é enlouquecer. São tantas as lágrimas derramadas que você até sabe que aquela situação é insana, mas insiste, bravamente, porque tudo vale a pena por um verdadeiro e intenso amor como esse, não é possível que exista algo melhor que isso.
Aí, um belo dia, alguem cansa. Você termina, sofre e analisa: porque diabos eu vivi por tanto tempo um relacionamento assim?
E começa a buscar o amor tranquilo, ideal, da novela das 6 da tarde e do comercial de margarina. Quer ter ao seu lado aquela pessoa que te conforta, que te entende, que é sua parceira de todas as horas. Não existe aquele sentimento louco de desejo, mas também não existe aquele medo insano de ser deixado a qualquer momento. No amor tranquilo ambos sabem a sua função, ambos sabem o quanto são amados, ambos sabem que podem confiar um no outro. O único problema é que você começa a achar esse tipo de situação um tédio.
Você, que sempre armou um barraco quando via a ex namorada do atual, você que sempre recebeu sacrifícios como prova do sentimento verdadeiro, você que estava acostumado a ter que se virar do avesso para manter um relacionamento se vê… Feliz. E não sabe direito o que fazer com isso.
Somos tão auto-destrutivos que arranjamos encrenca. O amor tranquilo começa a não nos bastar, é muito paradinho, quem disse que é de verdade? Quem disse que é pra sempre? E se eu me acomodar e ele for embora? E se ele se acomodar e não tiver o menor desejo de ser sempre mais do que eu espero?
Não dá.
Não sabemos ser felizes sem nenhum tipo problema, é preciso aprender. E a perceber
que a paixão vai embora, que não é necessário discutir para mostrar que se importa. E o mais importante: não confundir o amor que é tranquilo e verdadeiro com aquele que é cômodo.
Nada melhor que provar que podemos amar sempre mais do que aparentamos.
Um diário
Há 15 anos

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